quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Historia da Convenção Batista Brasileira

Convenção Batista Brasileira
História

A Convenção Batista Brasileira tem sua gênese histórica na reunião realizada em 1907, na cidade de Salvador (BA), com a presença e apoio de 32 “delegados”, mensageiros e representantes de 39 igrejas e “corporações” que, após deliberações, decidiram: "Nós, mensageiros das igrejas, sociedades e outras organizações da denominação Batista de várias partes do Brasil, reunidos na cidade da Bahia, capital do Estado do mesmo nome, nos dias 22 a 27 de junho de 1907, para executar a vontade das corporações que representamos, unir todas as forças batistas do Brasil, em uma organização nacional maior, para o desenvolvimento e eficácia da pregação do Evangelho de Jesus Cristo segundo a nossa crença."
A Convenção Batista Brasileira, constituída pelas igrejas batistas que livremente se associam para sua formação, é uma
associação religiosa que tem por finalidade promover o reino de Deus em todos os seus aspectos, por todos os meios eticamente lícitos.
A existência e objetivos da Convenção Batista Brasileira se assentam sobre quatro pilares básicos, a saber:
A compreensão da natureza da igreja
neotestamentária local;
A posição do indivíduo no propósito de
Deus;
O governo
democrático da igreja;
O princípio da cooperação.
Estes pilares básicos formam o arcabouço da Convenção Batista Brasileira e lhe fornecem a sustentação bíblica
.



A expansão dos batistas no mundo

Em 1791, um jovem pastor inglês chamado William Carey, sentindo forte compaixão pelas multidões pagãs da Índia, decidiu iniciar com o apoio de vários pastores um movimento para o envio de missionários àquelas terras. Assim foi criada a Sociedade de Missões no Estrangeiro, que tem tido uma participação muito grande na expansão da obra batista na Ásia e África, além de outros continentes, inclusive em um país como o Brasil.
Por sua vez, os batistas norte-americanos foram grandemente motivados a evangelizar o mundo. Adoniram e Ana Judson, jovem casal de missionários, foram enviados, em
1812, pela Igreja Congregacional, para evangelizar a Índia. Iam para Calcutá. Na viagem, examinaram, no Novo Testamento, a doutrina do batismo. Iriam se encontrar com o missionário batista William Carey e seu grupo de pastores. À luz do que estudaram, Adoniram e Ana acabaram por concluir que os batistas estavam certos sobre a doutrina do batismo. O casal foi batizado pelo pastor William Ward, companheiro de Carey.
O mesmo fato aconteceu com outro missionário congregacional, também enviado a Índia, Luther Rice, que igualmente foi batizado, tornando-se batista. Eles decidiram que Adoniram Judson permaneceria no Oriente e Luther Rice voltaria aos
Estados Unidos da América para mobilizar os batistas para a obra missionária. Seu trabalho vingou e em maio de 1814 foi fundada na Filadélfia a Convenção Geral da Denominação Batista nos Estados Unidos para Missões no Estrangeiro.
A partir daí, a obra missionária dos batistas iniciou um gigantesco crescimento. Chegando, inclusive, através dos Batistas do Sul dos
Estados Unidos da América, no Brasil. Hoje os batistas estão presentes em mais de 200 países e representam uma população acima de 46 milhões de membros, com cerca de 180 mil igrejas, e atingem 150 milhões de pessoas no mundo inteiro.

Os batistas no Brasil

Thomas Jefferson Bowen era missionário americano na Nigéria, África, trabalhando entre os nativos da tribo ioruba. Depois de algum tempo na África, retornou aos EUA e foi enviado, em 1860, para o Brasil, uma vez que muitos escravos que falavam o dialeto ioruba (língua corrente entre os negros traficados) podiam ser alcançados.
Oito meses depois, devido a problemas de saúde e porque as autoridades o impediram de pregar o evangelho, visto que sua mensagem se distanciava dos ensinos católicos, até então a religião oficial do país, Bowen precisou retornar ao seu país, desta vez em definitivo.
Tempos depois, um grupo de colonos norte-americanos sulistas, derrotados na guerra entre o sul e o norte (
1859-1865), desembarcou no Brasil, em Santa Barbara do Oeste (SP). Grande parte destes colonos era de origem protestante e em 10 de setembro de 1871 eles organizaram a Primeira Igreja Batista em terras brasileiras, sob a coordenação do pastor Richard Ratcliff. No início, os cultos ainda eram em inglês, o que afastava os habitantes locais.
Os primeiros cultos em português só ocorreram posteriormente, com a chegada ao Brasil do
missionário Willian Buck Bagby e sua esposa Anne Luther Bagby, que rapidamente aprenderam o português, no Colégio Presbiteriano de Campinas. Um dos instrutores do casal foi o ex-padre Antônio Teixeira de Albuquerque. Sacerdote católico na província de Alagoas, ele converteu-se ao protestantismo sozinho, ao estudar a Bíblia. Depois de abandonar a igreja de Roma, o ex-padre peregrinou pelo Brasil até chegar a Campinas, onde se tornou o primeiro brasileiro a ser consagrado pastor batista.
Em
1882, quando foi organizada a Primeira Igreja Batista da Bahia, voltada para a evangelização do Brasil, já existiam então as duas outras igrejas batistas, organizadas por imigrantes norte-americanos, residentes na região de Santa Bárbara do D’Oeste e Americana (SP). Os casais de missionários batistas norte-americanos, recém-chegados ao Brasil, os pioneiros William Buck Bagby e Anne Luther Bagby e Zacharias Clay Taylor e Kate Stevens Crawford Taylor, auxiliados pelo ex-padre Antônio Teixeira de Albuquerque, batizado em Santa Bárbara d'Oeste, decidiram iniciar a sua missão na cidade de Salvador, Bahia, com 250 mil habitantes. Ali chegaram no dia 31 de agosto de 1882 e, no dia 15 de outubro, organizaram a PIB do Brasil com cinco membros: os dois casais de missionários e o ex-padre Antônio Teixeira de Albuquerque.
Nos primeiros 25 anos de trabalho, Bagby e Taylor, auxiliados por outros missionários e por um número crescente de brasileiros, evangelistas e pastores, já tinham organizado 83 igrejas, com aproximadamente 4.200 membros.
O sucesso do trabalho no Nordeste encheu o Dr. Bagby de coragem e ele resolveu partir para o
Rio de Janeiro, onde fundou uma congregação no bairro do Estácio que, logo de início, conseguiu a adesão de quatro pessoas. Tal congregação é hoje a Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro (http://www.pibrj.org.br/).
Com a abertura do campo missionário brasileiro, graças ao sucesso de Bagby, as organizações batistas americanas resolveram investir. Os obreiros americanos que aqui chegavam traziam consigo o modelo de igreja que conheciam na sua terra natal, implantando a estrutura eclesiástica americana. Além da estrutura cuidadosamente organizada, as igrejas brasileiras fizeram questão de manter o modelo
congregacional de governo, caracterizado pela autonomia de cada igreja local – uma marca dos batistas que predomina até hoje. Com o tempo, as comunidades foram adaptando seus costumes à realidade brasileira, mas sempre mantendo a identidade.
À medida que as igrejas batistas se multiplicavam, surgiu a necessidade de reafirmar o ideário do segmento. Essa tradição ideológica jamais se perdeu no tempo, graças à estratégica propagação através de publicações como livros, Bíblias, revistas de estudo e jornais.
A tradição batista legou aos evangélicos brasileiros outra preciosidade: o
Cantor Cristão, que eternizou centenas de hinos cantados até hoje por crentes de todo o país. Da primeira edição, de 1891, até hoje, as páginas do Cantor têm sido fonte de louvor e inspiração. Dos hinos do acervo, mais de 100 foram compostos ou traduzidos pelo missionário e músico judeu polonês Salomão Ginsburg, que viveu 37 anos no Brasil. Ginsburg é considerado por muitos o mais importante hinologista brasileiro. Mas também foi um evangelista de visão avançada para o seu tempo. Coube a ele o mérito de ter sido o primeiro a imaginar uma associação que agrupasse todas as igrejas da denominação em 1894.
As idéias de Ginsburg acabaram influenciando a história da Igreja Batista Brasileira. Também no início do século 20, as igrejas passaram a se agrupar nas chamadas convenções, com o objetivo de gerir causas comuns como o trabalho de missões e a manutenção de
seminários, orfanatos, asilos e colégios. Essa estrutura ampliou-se, buscando a cooperação entre as igrejas. Surgiu assim a CBB – Convenção Batista Brasileira, que abriga hoje mais de 7 mil igrejas da denominação, com cerca 9 mil pastores e mais de um milhão e meio de membros.

Organização da Convenção Batista Brasileira
Salomão Luiz Ginsburg foi a primeira pessoa a pensar na organização de uma Convenção nacional dos batistas brasileiros.
Mas, somente em
1907, a idéia foi concretizada. A.B. Deter, Zacharias Clay Taylor e Salomão Luiz Ginsburg concordaram em dar prosseguimento ao plano. Eles conseguiram a adesão de outros missionários e de líderes brasileiros. A comissão organizadora optou pela data de 22 de junho de 1907 para organizar a Convenção, na cidade de Salvador, quando transcorreriam os primeiros 25 anos do início do trabalho batista brasileiro, também começado na referida cidade.
No dia aprazado, no prédio do ALJUBE, onde funcionava a Primeira Igreja Batista de Salvador, em sessão solene, foi realizada a primeira Assembléia da Convenção Batista Brasileira, composta de 43 mensageiros enviados por igrejas e organizações. Criada a Convenção, foi eleita sua primeira diretoria:
Presidente – Francisco Fulgêncio Soren;
1º vice-presidente – Joaquim Fernandes Lessa;
2º vice-presidente – João Borges da Rocha;
1º secretário – Teodoro Rodrigues Teixeira;
2º secretário – Manuel I. Sampaio;
Tesoureiro –
Zacharias Clay Taylor.

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